terça-feira, 14 de julho de 2015

Resenha – Wicca - Crenças e Práticas

Este foi o primeiro livro (de livraria) que li sobre Wicca e, por este motivo, tenho um carinho especial por ele. Wicca – Crenças e Práticas foi publicado pela Madras Editora em 2002, de Gary Cantrell, engenheiro aeroespacial e Alto Sacerdote de um pequeno coven em Los Angeles. Nos anos 90 ajudou a divulgar a religião em jornais regionais, publicações pagãs e programas de TV a cabo.

Nas primeiras páginas do livro, ainda antes do sumário, Cantrell escreve um pequeno texto com o título: “Por que Decidi Sair do Armário da Vassoura” e fala sobre o crescimento dos praticantes da religião em todo o mundo, principalmente nos EUA, e se orgulha em revelar que é um feiticeiro depois de tanta deturpação ao longo dos anos. Mais a frente ele dedica um capítulo todo sobre o tema, com histórias de como a Wicca foi devidamente constituída e reconhecida em seu País e dá dicas de como uma pessoa pode sair do Armário da Vassoura também.

Em todo momento o autor conversa com você por meio do texto, dando-lhe detalhes, opiniões e sua visão pessoal. Ele deixa claro que o livro não foi planejado para conter tudo sobre a religião nem para aprofundar todos os seus ritos e mistérios, mas que tem o objetivo de dar um ponto de partida no desenvolvimento dos próprios rituais do leitor, sendo assim destinado para uso solitário ou em pequenos covens.

Após passar pelas definições, filosofia, tradições, ética e conceitos, a obra se aprofunda em falar sobre os instrumentos mágicos, um a um, e suas utilidades. O preparo para rituais como purificação, lançar círculo, fechar círculo, invocações dos quadrantes e aos Deuses são muito bem descritos com suas devidas correspondências. No capítulo posterior há uma definição sobre os Mistérios da religião, que em pouquíssimos livros vi descrito tão bem como este. Fala-se sobre os Sabás, Esbats e outros ritos como os de consagração, dedicação e iniciação, bolo e cerveja, puxar a lua para baixo, handfasting, réquiem e meditações, além de encantamentos e adivinhação.

Algo que me faz gostar ainda mais deste livro é sua particularidade nos três últimos capítulos sobre temas que não vemos em outros, que são “Os Desafios Físicos do Bruxo” – dedicado àqueles que possuem algum tipo de deficiência e ainda assim desejam praticar a religião – “O Lado Humorístico” – com histórias engraçadas que podem acontecer com todos nós – e por fim o “Saindo do Armário da Vassoura”, já descrito acima.

Há ainda os Apêndices A, B, C e D, com textos sagrados, invocações, glossário e lojas pagãs.
Em resumo, um dos melhores livros de Wicca que já li. Recomendo a todos por toda a qualidade e particularidade que ele traz. Está esgotado na Editora, mas em sebos ainda é encontrado em bom preço. Quem preferir, também pode ler online por aqui: http://www.magiaeoraculos.com.br/data/documents/Wicca-Crencas-e-Praticas-Gary-Cantrell.pdf

Abaixo coloco um pequeno trecho sobre os Mistérios que comentei:

“[...] A Wicca é considerada uma Religião de Mistérios, isto é, uma religião cuja maior parte da teologia ou retórica é oculta da visão geral. Na Wicca, a palavra Mistério é geralmente usada para indicar o ensinamento ou filosofia específico e singular inerente a cada Tradição, definindo e classificando a própria essência dessas Tradições. Em algumas delas, os Mistérios são verdadeiramente enterrados e apenas revelados após a iniciação; em outras, os ensinamentos fazem parte de um processo de treinamento do primeiro ano e um dia. Em outras, ainda, eles não são absolutamente Mistérios, pois a maior parte de seu conteúdo pode ser encontrada em materiais abertos ou publicados. Cada conjunto de Mistérios compõe-se de muitos elementos. [...]” – Capítulo 4, páginas 75 e 76.

Pedro Guardião

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Resenha – O Livro Completo de Wicca e Bruxaria

Este é um livro publicado pela Madras Editora em 2003, e reeditado em 2015 de Marian Singer. Um fato interessante que o livro trás na orelha é que a autora tem origens brasileiras, por parte de mãe, mas diz que foi nos EUA que passou a ter contato com a magia pela convivência com sua avó, também bruxa. O título da obra é “O Livro Completo de Wicca e Bruxaria – Desvendando os Segredos dos Antigos Rituais, Feitiços, Bênçãos e Objetos Sagrados”. Quando eu, ainda adolescente, me deparei com a capa desse livro, imaginei ser o melhor entre todos os outros que eu conhecia. Porém, como morava no interior e não tinha acesso fácil a livros do tema, demorei em comprá-lo e depois, quando tive condições, já estava esgotado. Felizmente (ou não), consegui encontrá-lo num sebo há pouco tempo e fiquei numa expectativa enorme para lê-lo.

A autora tenta deixar a leitura dinâmica com inserções de boxes a cada tópico do livro, com Fatos, Essência, Questões e Alertas, que, em minha opinião, chega a ser um tanto irritante. Ela coloca no início questões de filosofia e ideologia da Wicca, mostrando a verdadeira imagem das bruxas, quebrando mitos do pensamento comum, fala sobre o renascimento moderno da bruxaria e vida após a morte.

Nos capítulos seguintes a parte prática já tem maior relevância, com outras inserções de orações e amuletos. Marian Singer usa bastante a palavra feitiçaria para remeter aos trabalhos ritualísticos. Logo ela mistura sonhos, símbolos e feitiços e só depois fala sobre as estruturas e significados dos rituais. Em seguida, aborda magia com velas, métodos oraculares, magia natural, magia na cozinha, astrologia e numerologia, divindades, lugares sagrados e por fim, ofícios de um coven.

Me pareceu um livro meio desorganizado, sem uma sequência definida de informações, bastante básico, como se Marian tivesse escrito um capítulo a cada semana, sem se lembrar do que escreveu por último. De toda forma, as informações e receitas colocadas por ela são interessantes, devido a experiência e referências históricas, mas nada além que um livro de Wicca não fale. Nas últimas páginas há um glossário e pequenas biografias de figuras históricas bem legais. Confesso que vendo a bibliografia consultada por ela dá para sentir o porquê do livro ser bastante comum. Não é uma obra que eu indicaria, mas que vale por reciclar alguns conhecimentos.

Pedro Guardião